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História dos moinhos em Boelhe

   História dos Moinhos em Boelhe

  


   Boelhe de Bonelli, é por Natureza rural desde a sua fundação, vivendo quase exclusivamente da agricultura, até ao 25 de Abril de 1974. Os primeiros cereais a serem cultivados na freguesia foram o centeio, o trigo, a cevada e mais tarde o milho. Na Idade Média, o principal alimento da população de Boelhe era o pão e tornava-se necessário encontrar o melhor mecanismo para transformar o cereal produzido em farinha, de que se faz o pão. A primeira forma encontrada foi a trituração do cereal através de uma pedra fixa e outra manuseada por alguém, chamadas trituradoras. Tratava-se, com efeito, de um meio rudimentar onde se incluía as mós planas e rebolos, bem como os seus derivados: os almofarizes e os pilões. Estes utensílios remontam a tempos muito recuados encontrados na Palestina, com datas aproximadas de 10.000 anos a.C., incluindo algumas jazidas arqueológicas do período Neolítico em Portugal. Embora seja grande o avanço neste plano, certos tipos de sistema de trituração, são ainda utilizados em certos povos de África. O aparecimento de pequenas mós circulares manuais, permitiu chegar ao sistema de mós manuais, surgidas 100 anos a.C., difundida na Grécia e chegando à Europa no principio da nossa era, cujo sistema criou condições para o aparecimento dos moleiros profissionais. Este sistema de mós encontrado no passal, provavelmente oriunda do espaço Romano da Bouça do Ouro, por não haver mais próximo qualquer espaço castrejo.
Os moinhos de água estão documentados na freguesia desde 1080, pela venda de um moinho numa propriedade de Quinta do Souto.
   Na Idade Média, em consequência da várias linhas de água, ou ribeiras que atravessam os campos pertencentes aos senhores feudais, potenciava as construções desses engenhos hidráulicos. Nas margens desses ribeiros e nos açudes construídos no Rio Tâmega, cobrando impostos a quem os utiliza-se. Os moinhos apenas eram usados no açude ou pesqueira no lugar da amela no verão, o resto do tempo na primavera e inverno funcionavam nas ribeiras ou linhas de água que escorriam dos montes de forma a poder mover essas mós. A pesqueira da amela aparece já referida nas Inquirições Afonsinas de 1258, apenas a estrutura base de granito se mantinha no rio de ano para ano resistindo às intempestivas e revoltosas águas do Rio Tâmega, assim chamado por nascer na Serra do Larouco em Espanha junto de um lugar chamado Tamaguelos, que deu Tâmega.
   Os lavradores transportavam à cabeça ou ao ombro o cereal para os moinhos onde se transformava em farinha, que não se pagando em dinheiro, mas través de uma franquia de 10% por cada alqueire, que os clientes consideravam exagerada, por verificar que os moleiros subtraiam farinha compensando o peso roubado com água ou areia moída que os moleiros juntavam, por isso eram muito mal vistos. Já nenhum destes moinhos funcionam em Boelhe, uns submersos na água da albufeira do Rio Tâmega após a construção da barragem do Torrão, os moinhos da Ribeira jazem cobertos pelos arbustos e silvados. Seria bom a recuperação de alguns de forma a que a escola pudesse mostrar e falar aos alunos destas estruturas que fazem parte da memória coletiva dos Bonellenses e da história da freguesia. O moinho de amassar o linho, apenas surgiu no século XIX.